"Cidade de população laboriosa, tendo no seu semblante e deixando transparecer nas atitudes, o vinco dos seus antepassados, na intransigente defesa da Liberdade, honradez, e franqueza. Corre a seus pés um rio que, curiosamente, se chama Douro. Soberbo, é por vezes irresistível na sua virilidade, exactamente como o portuense que nele se revê.Vista aérea Douro, foi percurso temeroso do vinho do Porto, para este repousar em serenidade, nas enormes caves do lado de lá, em namoro platónico com a Ribeira, postada em frente, do lado de cá. Entre essas margens que sobem abruptamente, três pontes imponentes que são o orgulho da técnica. Uma delas, a realidade tangível do ferro, num gracioso gesto de Eiffel. O burgo nasceu dentro das muralhas cujos vestígios ainda se podem ver de perto do tabuleiro superior de outra das pontes, a de D. Luís que é percurso de interminável formigueiro humano. Breve, a cidade se desenvolveu pela força do seu esforço e da sua vontade, e, ainda pela circunstância de um rio, qual braço estendido aos Oceanos e ao Mundo. O Comércio e a Indústria, muitas lágrimas e suor, mas também uma fé inabalável, fariam desta cidade a capital do Norte, altiva, invicta e sempre leal. A Ribeira, com suas gentes espontâneas, de alma clara, em contraste com seus muros de negrume antigo. No ar, as vozes de praguejos e de risos, o inconformismo dos velhos, a alegria das crianças e a correria dos cachorros. As fachadas sempre em festa no espelhar dos seus azulejos. Do negro arco da arquitectura de tempos recuados, a silhueta luminosa e irresistível da jovem que surge. E todo o inesperado que será de esperar... A cidade estendeu seus vigorosos braços para o Norte e para Leste, entre abundantes manchas de verdura, já que o mar com suas praias convidativas, foi limite intransponível."

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