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As primeiras ocupações humanas

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A Idade do Bronze (1.700-1.000 a.C.)

Introdução

        O início da Idade do Bronze ocorre com a chegada de povos ceramistas da Cultura do VasoexpansItalica.jpg (130318 bytes) Campaniforme, jarros de cerâmica em forma de sino e com bicos para o líquido não se espalhar. Essa gente trabalhava o bronze com habilidade. No final do período, começam a chegar no norte da Itália povos conhecidos com dos Campos de Urnas, de origem indo-européia.

        No Bronze Final, se assiste a câmbio nesse padrão. Novos assentamentos surgem para a exploração dos novos pastos e veios minerais.

        A metalurgia era privilégio de alguns poucos vilarejos, onde se estabeleciam os mineiros e fundidores. Artífices ambulantes contribuíam para o intercâmbio entre diferentes mundos culturais e para a difusão de novas técnicas, formas e decorações de cerâmicas e artefatos metálicos. Isso promoveu a circulação de pessoas, idéias, crenças e usos. Uniformizava-se culturalmente o norte da Itália.

        A fundição do metal se dava em dois turnos. Fornos eram erguidos perto dos veios, com pedras refratárias recobertas com argila, sistema que podia resistir a até 1.000 ºC. O metal era macerado e chamuscado para eliminar o enxofre. Depois, era levado ao forno sobre camadas de carvão de lenha. O oxigênio era fornecido por um fole. Após diversas horas, alcançado o ponto de fusão, o metal se destacava do mineral e se depositava no fundo do forno. Assim, se obtinham lingotes toscos, de transporte mais fácil.

        Nos vales, o metal era refundido e derramado em moldes de pedra, onde era deixado para resfriar e ser trabalhado.

        Esse trabalho todo exigia o trabalho de um sem-número de pessoas: prospectores, extratores, construtores de fornos, preparadores do carvão, fundidores, transportadores e artesãos. A isso se junta a necessidade de diversas minas, para produzir quantidades razoáveis de peças de metal.

        Esses trabalhadores não podiam residir longe das áreas de exploração, o que promoveu um adensamento sem par nos assentamentos humanos.

        A valoração dos minérios em função de sua procura e os interesses individuais e coletivos envolvidos nessa indústria levaram à criação de milícias armadas para proteção das fontes de riqueza e da indústria e comércio dos bens.

        Nesse período, as comunidades aceleraram o processo de segmentação social, valorizando o estamento dos guerreiros, notadamente nas áreas de exploração de minérios, e dos comerciantes dos metais. Essas milícias se desenvolveram e já na metade do II milênio antes da Era Cristã, novas armas de defesa e de ataque (elmos, couraças, escudos) eram importadas das civilizações mais adiantadas do Oriente Médio.

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A Cultura do norte da Itália

A Cultura das Palafitas ou Cultura Polada

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        Na Idade do Bronze, a Lombardia, o Vêneto, o Trentino-Alto Adige e o vale do rio Pó assistiam ao desenvolvimento de uma cultura caracterizada pela construção de palafitas (estações sobre pilotis) próximas aos rios, lagos e pântanos, algumas dentro deles. Essa mesma manifestação cultural foi achada também na Suíça e Alemanha. São as culturas proto-villanovas.

        Suas casas eram elevadas para evitar a umidade do terreno. Os primeiros aldeamentos eram muito simples, um mero ajuntamento de palhoças num espaço inferior a um hectare. As cabanas inicialmente tinham formato oval ou circular, evoluindo depois para o formato de  base retangular. As paredes eram formadas de troncos de árvores amarrados juntos e com os espaços preenchidos com barro. As aldeias tinham de 50 a 60 indivíduos, até a chegada da agricultura.

        Várias seriam as razões para a escolha desses lugares, a despeito de sua umidade, para palafit1.jpg (49502 bytes)habitar. A primeira certamente estava ligada à abundância de alimentos, pois além dos peixes e moluscos dos rios, lagos e brejos, eram lugares procurados pelos animais para saciar sua sede.

        Uma segunda razão decerto foi a liberdade em relação ao manto envoltório das florestas, que dificultavam a criação de animais.

        O solo fofo e fértil das terras limosas das beiradas úmidas produziam safras melhores, mais seguras e mais abundantes. A proximidade de rotas comerciais provavelmente foi outro fator levado em consideração.

        Na agricultura, utilizavam arados de madeira e carroças de duas rodas para o transporte.

        Os povos das palafitas manejavam com destreza os machados de combate, as alabardas e o arco e flecha.

        Essa gente criava caprinos, ovinos, suínos e bovinos. Parece que o cavalo ainda não era conhecido entre eles. Nas regiões de Ledro e Fiavé, os sinais da criação de suínos são escassos.

        A pesca de lúcios e salmões, a caça e a coleta de frutos silvestres se tornaram fontes secundárias de alimentação. Apesar disso, ainda abatiam cervos, javalis, corças, ursos pardos de pequeno porte, bois selvagens e lebres.

        A tradição ceramista da Cultura Polada é a do Vaso Campaniforme. A cerâmica era moldada à mão, pois o torno ainda lhes era desconhecido. Era decorada com u'a massa enriquecida com fragmentos líticos. A superfície era opaca e acinzentada. Nas fases mais antigas, o leque de cerâmicas era pequeno: restringia-se à produção de jarros e taças de corpo globular. Em fases posteriores, as formas e os motivos se sofisticaram. Alguns objetos em terracota com forma oval, retangular ou elipsoidal foram interpretados como ligados a cultos mágicos. A maioria desses objetos procedia do Tirol, da baixa Áustria e das regiões danubianas e balcânicas.

        Sepultavam seus mortos em posição fetal dentro de fossas ovais, acompanhados de poucos objetos. Nas fases iniciais, o rito funerário era exclusivamente de inumação. A partir da Idade Média do Bronze, foram encontrados esqueletos com crânios trepanados, outros sem crânios e, ainda, crânios separados dos troncos. Havia, pois, um certo ritual envolvendo a cabeça das pessoas, talvez de inimigos mortos.

        Com o desenvolvimento agrícola, devido ao uso cada vez mais intensivo dos novos instrumentos agrícolas, a população cresceu e os pequenos assentamentos familiares dão lugar a outros maiores e mais densos, com 200 a 300 pessoas.

        Da Idade Inicial do Bronze (c. 2.000 a.C.) ficou a vila palustre do laguinho da Costa do Arquà, Petraca, referida com Cultura Polada. Do Bronze Intermediário ficaram os achados de Marendole, monte Rosso, Galzognano e Valbona.

        Na região padana (vale do rio Pó), foi encontrada em Lucone, próximo ao monte Covolo, uma aldeia da Cultura Polada (lago de Garda, na Lombardia). Ela se estende até o Período Intermediário do Bronze (1.600 - 1.200 a.C.). Eles viviam da coleta de peixes e frutos silvestres, além da caça.  O declínio da demanda por sílex para a confecção de ferramentas faz com que o sítio seja abandonado.

        Já no século X a.C., viviam na região as gentes conhecidas como euganeus, decerto uma outra denominação para os povos dessa cultura, como aqueles das palafitas do lago de Fimon e da necrópole de Angarano. Vários utensílios dessa população foram encontrados nas proximidades de onde outrora teria sido um laguinho termal. Foram achados vasilha, estatuetas e ofertas do tipo ex-voto a alguma divindade local. Deduz-se que tinham algum culto às águas térmicas ali existente.

A Cultura dos Campos de Urnas

        A Idade do Bronze Final assiste a um intenso movimento de povos da cultura dos Campos de Urnas, de falas indo-européias, que entraram pelo nordeste da Itália e se espalharam por quase toda a península.

        Essa cultura, caracterizada pelo sepultamento em urnas de pedra após a cremação dos mortos, vai substituindo a cultura de inumação dos povos ali estabelecidos. Em Sorgenti della Nova (Ischia di Castro, Lombardia) foram encontradas necrópole com sepultamentos contemporâneos de ambos os rituais . As cinzas eram guardadas em urnas, algumas grandes receptáculos de cerâmica, junto a um enxoval funerários que vez por outra incluía objetos de metal. Lugares de cultos foram estabelecidos sobre os cumes dos montes.

        Na Idade Final do Bronze e início da Idade do Ferro, as aldeias sobre o monte Lozzo são os primeiros testemunhos dos paleovênetos, tribos ilírias de língua indo-européia, oriundas da antiga Iugoslávia, que passaram a ocupar o território dos euganeus em torno do século VIII a.C., acabando por impor sua cultura aos antecessores. Só os euganeus das montanhas pirenaicas preservaram sua cultura até a romanização da Itália.

        Eles também conheciam a metalurgia do ferro.

        Nesse período, os castellieri são abandonados. Os de Istria e de Carso mostram afinidades com a cultura dos povos dos Campos de Urnas dos Alpes Orientais, indicando integração à nova cultura.

A Cultura de Luco-Melunoital_LucoMeluno.gif (19869 bytes)

        As comunidade do Alto Adige apresentavam claros traços da Cultura Polada no Bronze Antigo.  No Bronze Médio, influxos culturais sulistas se juntaram aos das culturas centro-alpinas do sudeste da Suíça, sudoeste da Áustria e Alto Adige. No Bronze Final, os relacionamentos com a Cultura de Peschiera e com os grupos subapenínicos se entrelaçam com os contatos com grupos danubianos dos povos dos Campos de Urnas. Nesta fase, aparece pela primeira vez o grupo cultural de Luco-Meluno, que se difundiu no Bronze Final em Trentino Alto Adige. Essa cultura, a primeira entidade cultural originária da área, está relacionada com a exploração de veios minerais e a circulação de artefatos metálicos.

        No Período Neolítico e por toda a Idade do Bronze, os povos das regiões pré-alpinas (Silandro, Nordesberg, Spronserjoch) praticavam um rito próprio, que envolvia o lançamento de espadas, lanças, broches nas águas dos rios, lagos e brejos. Um donativo às divindades das águas e dos cumes das montanhas.

        Por volta do II milênio a.C., se verificava na área alpina central uma nova forma de religiosidade: os Brandopferplätze. Eles apresentam como expressão típica os sítios ritualísticos caracterizados pelo acendimento de piras votivas. Nesses locais se acumulam ossos calcinados de animais sacrificados e vasos estilhaçados intencionalmente. Dentre os sítios ritualísticos deles, figuram os de Mutkopf e Pfitschersattel (no Tirol). Esses santuários coincidem na região com o início da Cultura de Luco-Meluno.

        Em Mutkopf, na bacia do Merano, está o sítio mais elevado que restou da cultura centro-alpina de Luco. Ali foram encontrados restos de muralha com claros sinais de incêndio. Nas vizinhanças foi encontrada uma lousa de pedra com numerosas bacias pequenas. Parece que ele servia como local sagrado para os povos vizinhos.

        Os aldeamentos dessas comunidades são fortificados, possivelmente em virtude do belicismo dos povos dos Campos de Urnas. Na zona vizinha a Plars há duas aldeias desse período: Saxnerknott e Burgstallknott. Este último é imponente, fica numa zona de difícil acesso e é circundado por um muro longo, de 50 metros de comprimento, 8 a 12 metros de largura e até metro e meio de altura.

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As Culturas do centro

Cultura Apeninaital_Apenin.gif (13796 bytes)

        No centro da Itália se desenvolvia uma cultura conhecida genericamente por Apenina.

        No período do Bronze Inicial (c. 1.700-1.300 a.C.), os apeninos já utilizavam punhais e machados de bronze.

        Sua cerâmica era enegrecida e muito espessa, decorada por incisão, por meandros, zigue-zagues, "dentes de lobo" (pequenos triângulos alinhados) ou linhas geométricas.

        A maioria de suas habitações ficava em elevados turfáceos de até 1.000 metros de altura, próximos a rios, lagos ou à costa. Geralmente nos caminhos de manejo do gado.

        Os habitantes do agrupamento eram parentes, próximos ou não. A área de um aglomerado era pequena, apenas a casa e um cercado para os animais.

        Já no Bronze Médio, os aglomerados tinham áreas maiores e eram mais densamente povoados, fruto da explosão demográfica. Outros núcleos povoavam os cumes vizinhos. Não há vestígio de distinção social entre os núcleos.

        O cavalo é adotado para tração animal, embora os bovinos sejam preferidos.

        No Bronze Final (1.100-1.000 a.C), as habitações são mais espaçadas. Cada núcleo ocupa área de cerca de 5 hectares. Uma parte destinada às lavouras de trigo e cevada e aos animais, outra à residência.

        A região progride, principalmente pelo uso da tração animal e de ferramentas como a segadeira, enxada ou machado de metal. Na Etrúria, os núcleos habitacionais se adensam. Já não distam mais que 5 ou 6 quilômetros um do outro.

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As Culturas do sul da penínsulaital_Pelasgo.gif (15075 bytes)

        Na serra de Parabita (província de Lecce) há uma pequena gruta escavada no calcário com um átrio central e duas galerias laterais estreitas. No estrato superficial foram achados fragmentos ósseos de um ou dois indivíduos ali inumados há 3.000 anos atrás. É uma gruta sepulcral. Lobos e outros animais que ali se estabeleceram espalharam e danificaram os ossos e vasos. No entanto, um vaso em terracota foi encontrado muito bem conservado. Pelo exame dele se datou o sítio em fins da Idade do Bronze (nas proximidades do século XI a.C.).

        Nas vizinhanças da gruta foi encontrada a estrutura de um povoado que teria existido entre o Bronze Tardio e a Idade do Ferro (c. século X a.C.). A estrutura era formada por u'a mureta, que poderia tanto ser de fundação quanto de contenção das águas, dois fornos e uma série de furos no chão, indícios das paredes das cabanas. Parece ser uma cabana de base circular, com uma canaleta em volta. No sítio também foi encontrada cerâmica de massa branca, com a decoração por cordatura, isto é, pressionado-se um barbante na massa ainda fresca, datada do Bronze Final. Essa cerâmica, de tipo micênico, testemunha o contato e escambo comercial entre os moradores da aldeia e os antigos habitantes do Peloponeso grego.

        Outras escavações encontraram vasos de modesto valor, mas que indicavam o contato com os helênicos já no II milênio antes da Era Cristã. Esse contato se prolongou até o século IX a.C. A continuidade dessas trocas faz supor um entreposto ou um povoado grego da Cultura Aquéia na região, principalmente nas zonas de Scoglio dal Tonno, Porto Perone, Torre Castelluccia e Saturo, na província de Taranto.

        Por todo o Salento há também menires espalhados, mostrando a inserção desses povos à cultura megalítica geral do Mediterrâneo.

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As Culturas sardas

A cultura Bonnannaro

        No período 1.800-1.600 a.C. nasceu e se espalhou pela Sardenha a Cultura Bonnannaro.

        Como vimos, progressivamente, a arquitetura megalítica serviu para a construção de espaços fortificados conhecidos como proto-nuraghi. Eram construções retangulares, ovais ou circulares sobre plataformas artificiais, no topo das quais eram erguidas uma ou mais cabanas redondas, de pedra e cobertas por telhados de palha. Essas casas tinham diâmetro interno entre 5 e 8 metros. Algumas eram conectadas, aparentando serem partes de um só domicílio. As plataformas eram equipadas com uma galeria de uma ou mais câmaras. Algumas dessas câmaras foram sustentadas sobre modilhões, processo que desembocou nos tholoi empilhados.

        A gente Bonnannaro tinha índole muito diversa das culturas anteriores, mais voltada às guerras que às celebrações da vida.

        Sua cerâmica geralmente não apresenta ornamentos. O brassard e os colares de conchas continuam sendo usados. Os objetos de metais, contudo, são muito raros

A cultura nurágica

        A Cultura nuraghi aparece cerca de 1.500 a.C., quiçá trazida por populações que trouxeram também a cerâmica helênica.

        Alguns nuraghi eram meras estruturas dotadas de uma torre. Outros, mais sofisticados, tinham um pátio murado e mesmo uma segunda torre. Por volta de 1.200 a.C., alguns se transformaram em verdadeiras fortalezas, com múltiplas torres, conectadas por bastiões externos. Em muitos casos, passou a ser o centro de poder de uma tribo. Geralmente os nuraghi estavam associados a vilas, embora nem todas as vilas tivessem nuraghi em sua vizinhança.

        Ainda hoje se encontram no sardo e no italiano elementos da língua dos nuraghi, como:

giàra - planalto basáltico
nurra - desfiladeiro, precipício
nuraghi - um monte de cavidades de pedras. Tem a mesma raiz nur (pedra?) da palavra nurra.
muflone - uma espécie de ovelha selvagem (em sardo, muvara ou mugrone)
gon- - (provavelmente) colina ou montanha. Ex.: Goni, Gonnesa e Cala Gonone
toneri - formações calcárias em forma de torre

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Idade do Cobre Índice Geral da Itália Idade do Ferro

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Administrador: Marco Polo Teixeira Dutra Phenee Silva