logo_it.gif (1719 bytes)

As primeiras ocupações humanas

applebar.jpg (1406 bytes)

tit_paleo.gif (3487 bytes)

A Idade do Ferro (1.000 - 800 a.C.)

Introdução

        Na Idade do Ferro não há evidência de grande ingresso de massas humanas vindas do exterior. Tudo indica ter sido um período de mero aprendizado das técnicas de trabalho sobre um outro mineral, o ferro. O ferro era um metal de mais fácil manejo e que não precisava ser fundido, apenas aquecido a altas temperaturas para produzir utensílios.

As Cultura do norte da Itália

A Cultura das Terramaras

        O nome terramara vem da corruptela de terra male (terra má, uma terra enegrecida e gorda). Também chamada de Cultura dos Terramaricolos (pela junção do sufixo latino colere, morar).

        Os terramaras mantiveram seu rito ancestral de inumação até cerca de 1.400 a.C., data dos mais antigos indícios de rituais de cremação e da cerâmica. Depois disso, passaram a assumir o rito indo-europeu. O ideário de um povo sobre seus antepassados e a vida post-mortem é um dos mais sagrados e, portanto, arraigados numa comunidade. A mudança do rito funerário dos terramaras, por isso, parece demonstrar uma verdadeira substituição étnica nessa região.

        O exercício da atividade agrícola permitiu aos povos das palafitas crescer. As aldeias já contavam com centenas de pessoas. As vilas se mudaram para terrenos secos, agricultáveis. Surgia aí a Cultura Terramara.

        As casas nos vilarejos terramaras eram uniformes, tinham planta retangular e continuavam basicamente com a mesma estrutura de paredes de troncos de árvores. As vilas assumiam formatos trapezóides ou retangulares e eram circundadas por um aterro e fosso, no qual corriam as águas de braços de rios desviados com o objetivo de irrigação. Sobre esses cursos de água, quatro pontes permitiam o acesso ao vilarejo. Duas ruas largas ligavam as pontes em linha reta e outras menores corriam paralelas a estas.

        Os detritos domésticos eram lançados sob as cabanas, formando o húmus que foi chamado de terra male, matéria prima para confecção de cerâmicas.

        A sociedade terramaricola desapareceu quase de repente por volta de 1.000 a.C. A explicação mais aceita é a de que o enriquecimento provocou a hierarquização da sociedade e o fim do modo de vida igualitário dos terramara.

A Cultura Golasecca

        No nordeste, aparecem traços de uma cultura distinta em Golasecca (Varese) e Atestine (vale doital_ligur.jpg (7555 bytes) Adige, no Vêneto).

        É possível que essa cultura fosse dominante no nordeste e oeste da Itália antes da expansão Villanoviana, que veremos adiante.

        No noroeste da Itália viviam gentes conhecidas genericamente como lígures, uma denominação da época histórica usada para rotular os povos encontrados no Piemonte até o século XIII a.C. e que guardavam uma notável uniformidade cultural em todo o vale alpino do Piemonte e Ligúria. Essa comunidade foi depois denominada de lígures Comati ou Capillari.

        Desde o Neolítico, essa região era seguramente rota obrigatória para os pastores piemonteses e, em particular, os cuneeses que saíam em direção ao místico monte Bego, no Vale das Maravilhas, na Provence (França), bem como para os pesquisadores de minerais na Idade do Cobre e do Bronze (2.500-1.700 a.C.), que deixaram milhares de inscrições rupestres na região (criaturas cornudas, jugos de bois, armas, figuras antropomorfas etc.).arte_ligur.jpg (10713 bytes)

        Na região de Sesto, desde o fim do V milênio a.C. se conhece a produção de cerâmicas de linhas incisas estabelecimento de Mileto) da Cultura do Vaso de Boca Quadrada (Spazzavento). A elas segue, nos fins do Neolítico a Cultura de Chassey-Lagozza (Neto di Bolasse e Neto-Via Verga) e provavelmente um aspecto que se pode reconhecer como da Cultura de Diana (Travalle).

        Na passagem para o Eneolítico permanece a produção cerâmica com decoração de grafitti (Neto-Via Verga).

        Em uma das sepulturas, foram encontrados restos indubitavelmente ligados à Cultura de Golasecca. Essa cultura foi mediatriz entre a área mediterrânea e a Europa norte-ocidental. Suas comunidades se estabeleciam sobre elevados naturais, para controle do território e das rotas comerciais terrestres. Tinham rito funerário de incineração e os ossos carbonizados eram depositados em urnas e sepultados. A área sepulcral rea respeitada como a morada dos antepassados e nela não se construíam habitações. O sítio de Sesto era decerto uma dessas áreas.

        A Cultura Golasecca se desenvolveu na Lombardia na Idade do Ferro (do século IX ao século V a.C.), sobre uma fase anterior, conhecida como proto-Golasecca, do Bronze Final (Século XII a X a.C.). Sua área, entre os rios Serio, Sesia e Po, apresenta três zonas de maior adensamento populacional: em torno de Como, ao sul do lago Maggiore e na região de Bellinzona.

        A cerâmica dos Golasecca para uso doméstico é pobre e sem decoração. Já aquelas destinadas a recolher as cinzas dos defuntos são modeladas com capricho e decoradas. Embora no curso dos séculos a forma e decoração se alterem, o rito segue sendo de incineração.

        Na fase proto-Golasecca e inícios da Golasecca, as urnas são bicônicas e impressas com um barbante sobre a cerâmica crua. Do século VII em diante, a decoração é feita à imagem de "dentes de lobo" (feitas com triângulos tracejados e dispostos em filas horizontais), incisas com uma vareta e preenchidas, em alguns casos, com pasta branca. Ricos equipamentos de bronze começam a aparecer.

        Também dessa época são os cromlech (recintos circulares de seixos considerados sagrados e destinados à sepultura de um personagem importante para a comunidade: um líder, guerreiro, sacerdote ou deus). Em um cromlech de um infante foi encontrado um copinho, talvez um brinquedo pertencente ao menino e depositado ao lado de sua urna cinerária. Na tumba de uma senhora foi encontrado um colar com contas de âmbar, proveniente do mar Báltico, carretéis de linhas de tecer e uma taça talvez destinada a tingir tecidos.

        As comunidades se estabeleciam em oppida, povoados amplos, geralmente fortificados e situados em locais mais altos. Em seu interior, palhoças feitas de materiais perecíveis, arranjados sem ordem aparente. Assim viviam pelos séculos IX e VIII a.C.

        Grupos dos Campos de Urnas aculturaram os lígures do noroeste da península, que pelos inícios do século VI a.C. já falavam um dialeto indo-europeu.

        Uma hipótese hoje aceita por quase todos os italianistas é de que um ou mais povos lígures da Toscana se desenvolveram a partir da exploração agrícola e mineral do território e do comércio com os demais povos mediterrâneos.

        Especiais parceiros comerciais, os gregos passaram a eles a escrita, necessária para registrar as transações mercantis. E com o alfabeto, vieram muitos outros aspectos culturais.

        Esse lígures eram ficaram conhecidos como etruscos.

As Cultura do norte e centro da Itália

A Cultura Villanova

        A Cultura das palafitas e dos castellieri que viviam no norte da Itália na Idade do Bronze receberam o impacto dos povos de lingua indo-européia (Cultura dos Campos de Urnas), que chegavam do norte pelo Vêneto, pela Áustria e pela Suíça por volta de 1.600 a.C. Essa gente trazia o domínio das novas técnicas metalúrgicas, logo absorvida pelos povos das palafitas, cuja sociedade se estratificou e perdeu a identidade.

        O aprofundamento dos contatos comerciais e sociais com o mundo centro-europeu aumenta a identidade entre as duas culturas, como comprovam as necrópoles de Nesazio, Pola e Puzzigho (próxima a Parenzo).

        Esses imigrantes, conhecidos pela denominação geral de paleovênetos, tinham origem ilíria e vinham da antiga Iugoslávia. Os colonos ilírios parecem ter aceitado o culto das águas dos euganeus. Entre os deuses dos ilírios estava Aponus (aquele que tira a dor), que está na origem do nome da atual cidade de Abano Terme, vizinha a Pádova, Vêneto. Outro deus ilírio era Retia, que nomeou a tribo dos rétios.

        Os rétios viviam em cidades fortificadas em locais altos (castellieri). Suas habitações eram retangulares e semi-enterradas, com paredes de pedras ou madeiras, como as que foram achadas em Magrè.

        Os ilírios se expandiram seus contatos para o sul, quer pelo comércio, quer pela criação de novas colônias. Como resultado dessa expansão surgiram as tribos dos picenos, iapígios e messápios.

        A forma de suas habitações inicialmente continuam as da Cultura Terramara, a saber, com planta circular ou oval, paredes formadas com postes de madeira recobertos com adobe e um teto cônico feito com palhas. Pelos anos 1.000 a.C., casas maiores parecem indicar a existência de uma classe social diferenciada. Nas vilas já vivem algumas centenas de pessoas e a população segue crescendo.

casa_vilanova1.jpg (6725 bytes) casa_vilanova2.jpg (8110 bytes)

        Os Villanova enterravam as cinzas de seus mortos em urnas bicônicas, inicialmente feitas de argila e depois de bronze, como o da figura. ossuario_vilanova.jpg (2875 bytes) Os ossários eram depositados em covas revestidas de pedras. Os sepultamentos mais arcaicos não apresentam enxoval mortuário. Com o passar dos tempos, as comunidades prosperam e os enxovais se enriquecem com cerâmicas, fivelas, armas. Parece que pelo século XI a.C., esse rito estava reservado aos membros das classes dominantes.

        Os Villanova eram hábeis artesãos. A produção cerâmica é caracterizada por vasos modelados à mão e feitos de u'a massa rica em minerais. As peças mais comuns são os ossários, para guardar as cinzas dos defuntos, e tigelas, usadas como tampa. A decoração é constituída de sulcos com motivos geométricos de meandros, cruzes e triângulos.

        No século seguinte, o enxoval cerâmico se amplia. São encontradas taças, tigelas, askosBenacci.jpg (2435 bytes)jarros de argila e pratos. A massa é mais apurada e a decoração apresenta padrões novos. Dessa época é o vaso Askos Benacci, um unguentário ou frasco de perfume em forma de um boi de ventre largo, longo pescoço, chifres recurvos e alça em forma de cavalo montado.   Aparecem as esculturas em pedras.

        Essa sociedade, até inícios do século VII a.C., imitava os padrões culturais centro-europeus, mas daí em diante passou a apresentar produção cultural própria.

        Do norte, a cultura Vilanoviana dos povos dos Campos de Urnas se expandiu para a Emília e o resto da Itália central, chegando até a Campânia. Do século IV em diante, contudo, se deu um processo de recessão econômica, demográfica e cultural, que promoveu o deslocamento em massa de populações interioranas para as zonas costeiras.

        Na fase final da Idade do Ferro, não se assiste ao crescimento do número de vilarejos, mas seu adensamento: inicia-se a fase proto-urbana no norte italiano. Os sítios já têm 100 hectares ou mais. Surgem núcleos com milhares de pessoas (Veio, Cerveti, Tarquinia, Vulci, Orvieto, Vetulonia, Chiusi, Volterra) no domínio que se chamará de etrusco. Delas, Populonia e Vetulonia já eram grandes no século X a.C. A primeira ficava na costa e processava e comercializava os metais extraídos na ilha de Elba.

        A malha proto-urbana mostra um embrião de estruturação política. Os núcleos maiores controlam os pequenos à sua volta, geralmente dedicados à produção agrícola ou mineral. Nos núcleos centrais já aparecem as atividades artesanais e os guerreiros a serviço da proteção da economia do conjunto.

        A sociedade se estrutura, como mostram os acompanhamentos funerários, onde aparecem numerosos objetos de bronze, ferro ou ouro, além de âmbar e cerâmicas importadas. Alguns moradores mais destacados levam para o túmulo elmos e espadas, arreios de cavalos ou carroças de duas rodas.

         Uma corrente de arqueólogos vê aí a fase inicial da cultura etrusca, proto-histórica, nas costas tirrênicas centrais. Todavia, não explicam como os etruscos pré-indoeuropeus poderiam descender de villanovas indo-europeus.

        A cultura Villanova se espraiou pelo centro da península e chegou a atingir áreas do sul.

applebar.jpg (1406 bytes)

O sul da Itália

        Enquanto a cultura Villanova se propagava do norte para o centro da Itália, o sul da península era afetado pelo fim do intercâmbio comercial com o mundo egeu.

        No sudoeste do território, o vácuo político propiciou a oportunidade de expansão de um grupo de tribos indo-européias villanova conhecido como ausonos. Eles produziam estranhos apêndices cilíndricos ou corniformes nas alças de pratos e terrinas. As habitações deles era de planta quadrada, que também evoca a cultura villanova.

        Na área de Paestum, na Campânia, ocorre uma notável concentração humana. Em Pontecagnano chegam levas de gente de Etrúria, trazendo a cultura Villanova, dominada por uma aristocracia militar e que pratica o rito funerário da cremação. Ponticagnano se torna o epicentro mais meridional de difusão dessa cultura, que segue para o Vallo di Diano, à busca de novas terras cultiváveis. O rio Sele foi uma espécie de barreira para os Villanovas. Na margem esquerda do rio, a influência dessa cultura foi pequena na fase inicial da Idade do Ferro. Mais tarde se encontrará traços, embora tênues, da existência de população Villanova nessa região.

        Quando os helênicos chegaram à região pestana, ali implantaram uma colônia. Como de hábito entre os gregos, as tradições indígenas foram respeitadas, principalmente as áreas sagradas nativa. Nessa área foram encontrados vasos miniaturizados e ídolos de argila, ofertas votivas à divindade homenageada.

applebar.jpg (1406 bytes)

A Sicília

        Segundo Tucidide, a população siciliana quando da chegada dos gregos se dividia em quatro grupos étnicos distintos: sicanos, sículos, élimos e fenícios.

        Os sicanos eram a população nativa e mais antiga, que viu seu território definhar para a área a oeste de Imera quando da chegada dos helênicos. Possivelmente eram povos de origem pelasga. Sua origem não era, definitivamente, indo-européia.

        Os sículos, indoeuropeus, chegaram à ilha por volta de 1.035 a.C., caçados pelos ópidos da Campânia e Calábria. Foram completamente helenizados nos séculos seguintes.

        Os étimos ocupavam a extremidade ocidental da ilha, em volta de Lagesta e Erice. Crê-se que também tenham origem na mestiçagem das populações autóctones com os povos egeus.

        Por fim, os fenícios, que se espalhavam nas costas da ilha, onde estabeleceram entrepostos comerciais e fatorias. Alguns de seus assentamentos sicilianos eram anteriores à fundação de Cartago, na segunda metade do século IX a.C.

        Quando os egeus chegaram, no século IX a.C., obrigaram os concorrentes fenícios a abandonar a região leste da ilha. Os fenícios, então, se concentraram no oeste insular, onde fizeram sólidos laços com os élimos de Palermo e Mozia. Nesta última cidade, as escavações encontraram um tophet (uma réplica do santuário cataginês a Baal-Hammom). Ali viveram até a chegada dos romanos, no século III a.C.

applebar.jpg (1406 bytes)

A Sardenha

O período orientalizante

        Por volta de 1.000 a.C., os fenícios passaram a visitar as costas sardas com frequência, até nela instalarem entrepostos comerciais (como Caralis, Nora, Birthia, Sulcis, Tharros, Bosa, Torres e Olbia) e depois colônias. Dali comerciavam com outras regiões e com o interior da ilha.

        Em 509 a.C., os nuraghi se sentiram ameaçados pelo poderio dos fenícios e se associaram aos cartaginenes para derrotá-los. Assim se estabeleceu na ilha a cultura púnica, até que na Primeira Guerra Púnica, os romanos expulsaram os cartagineses e romanizaram a ilha.

applebar.jpg (1406 bytes)

voltar para o Índice Geral da Europa

recue.gif (1142 bytes)

lflav.gif (1515 bytes)

rtlav.gif (1474 bytes)

Idade do Bronze Índice Geral da Itália Proto-história

applebar.jpg (1406 bytes)

Administrador: Marco Polo Teixeira Dutra Phenee Silva