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As primeiras ocupações humanas

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Os etruscos

Introdução

        Os Villanovas da região da Toscânia apresentam mudança brusca em seu ritual funerário e suas vilas passam a ser fortificadas a partir dos anos 900 a.C. Eram os primeiros sinais de que algo mudou na região. O povo dessa área passou a ser conhecido como etruscos pelos povos vizinhos.

        É difícil precisar a origem dos etruscos. O primeiro dos grandes historiadores antigos, Heródoto (século V a.C.), embasou a teoria de que se tratava de povos orientais, lídios da Ásia Menor (Turquia), dizia o historiador, que teriam vindo para a Itália entre os séculos XIII e XII a.C. em razão de carestia e ali se mesclado com os indígenas umbros, mas introduzindo novidades importantes na cultura local e gerando a Cultura dos Tirrenos.

        Sustenta essa hipótese a brusca mudança cultural villanoviana e o fato de que os Villanovas não detinham tecnologia apropriada para fortificar seus vilarejos. Ainda dentro dessa hipótese da origem oriental, outros vêem a fortificação das vilas como reação ao aumento da violência associada à ocupação territorial por populações imigrantes.

        Também a favor dessa linha estão os paralelos culturais como a semelhança entre a construção e decoração das tumbas etruscas e aquelas da Ásia Menor, como certas doutrinas e práticas religiosas: a realização de profecias pelos exames das entranhas de animais e pelo vôo das aves (como no Oriente) ou como gosto pelos prazeres da vida, boas moradias, a luxúria e o amor pelas festas e danças, que não encontram paralelo entre as demais culturas itálicas.

        Para encerrar, um pilar funerário encontrado perto da cidade de Camínia, na ilha de Lemnos, tem inscrição em lingua diversa da lingua grega ali falada, mas apresentando semelhanças com o idioma dos etruscos.

        A segunda corrente, hoje mais aceita, vê os etruscos como tribos autóctones pré-indoeuropéias, certamente lígures parcialmente aculturados pelos Villanovas vizinhos. O primeiro defensor dessa hipótese foi Dionísio de Helicarnasso.

        Já se aceita uma explicação intermediária, na qual povos da Ásia Menor teriam vindo em número relativamente diminuto, talvez acompanhada de uma elite armada, e se amalgamado às populações autóctones. Todavia, por trazerem uma cultura mais complexa, tê-la-iam imposto aos nativos ao longo dos anos.

        Os etruscos eram conhecidos como tirrenos pelos gregos e como tuscos ou etruscos (palavra derivada do umbro trusk). Os historiadores dizem que eles se referiam a si mesmos como rasna ou rasenna. Talvez tais denominações tenham a ver com as específicas tribos etruscas contatadas com as demais culturas indoeuropéias (notadamente gregos e latinos).

        A lingua etrusca certamente não era de origem indo-européia.

A expansão territorial

        A partir do século VIII a.C., os etruscos passaram a se estabelecer em outras partes da Itália, sem encontrar grande resistência. A expansão se explica pelo crescimento econômico e não por desejo de poder. A ocupação de vales férteis e zonas mineiras trouxe riqueza àquelas populações.territ_etrusco.jpg (22782 bytes)

        No litoral, estabeleceram portos através dos quais exportavam seus produtos, competindo ferozmente com gregos e fenícios por mercados na bacia do mar Mediterrâneo. Constituíram um poderio naval muito respeitado, necessário para fazer frente aos gregos e cartagineses do sul da península. Os celtas que vinham pelo norte não representavam ameaça real, pois se dividiam em tribos sem qualquer laços entre si.

        Nesse processo expansionista, as cidades dos etruscos  se desenvolveram na mesma linha das antigas aldeias Villanovas. Elas perfaziam três territórios bem marcados, além da colônia de Capua. Suas cidades guardavam um espírito federativo muito tênue. Elas elegiam um rei, cujo encargo era organizar e presidir às festas religiosas comuns. Em tempos de guerra, líderes eram nomeados especificamente para cuidar dos exércitos.

        As cidades viram obras de engenharia então desconhecidas na península. Elas seguiam a tradição Villanova de duas avenidas em diagonal, criando quatro bairros, servidos por ruas secundárias.

        Eles projetaram e construíram estradas e pontes ligando as cidades, cloacas subterrâneas para conduzir esgotos e águas pluviais. Aquedutos levavam água a longas distâncias, servido comunidades que não dispunham dela para uso doméstico ou agrícola. Pântanos foram drenados e rios retificados, incorporando novas terras à produção rural.

        O território do norte tinha como principais das cidades:

        O território do sul abrangia vilas como:tarquinia.jpg (39417 bytes)

        A região sul teve desenvolvimento mais rápido, mas a decadência também foi ligeira, quando a malária se propagou pelo rio Maremmas. As cidades do norte são de povoamento mais recente, quase na época romana.

        No século VII a.C., a expansão etrusca chega ao Lácio. Ali fundaram um porto, que passou a ser chamado Rumon (Roma), curso de água no idioma etrusco. No início do século VI a.C. chegaram à Campânia. Não prosseguiram para o sul, barrados pelos gregos na batalha de 524 a.C. Ainda nesse século, a expansão rumo ao norte levou as fronteiras etruscas ao Adriático e à Venécia.

A sociedade

        Nas cidades, o regime monárquico se reforçou e da presidência das festas religiosas os reis passaram também a distribuir a justiça, administrar a cidade e comandar os exércitos. Em torno do rei se formou uma oligarquia, distinta da plebe, certamente composta majoritariamente pelos ligures aborígenes.

        Essa oligarquia participava das festas que depois ficaram famosas em Roma sob o nome de orgias. Os gregos diziam que as mulheres etruscas gozavam dos mesmos direitos dos homens, inclusive sexuais. Assim, aos olhos dos gregos, os etruscos eram tidos como devassos. Nas festas casais faziam amor às escâncaras.

        A túnica etrusca passou aos romanos, assim como a cor púrpura tipicamente aristocrática.

A arte e culturaarte_etrusc1.jpg (50028 bytes)

        O que se conhece da arte etrusca guarda enorme influência dos gregos. Tanto na pintura de cerâmicas, afrescos, esculturas e teatro. Em seu período final, passou a utilizar frequentemente temas de origem religiosa.

        Aceitaram também o alfabeto grego e, a despeito da disputa comercial com aqueles, os etruscos foram os mediadores entre a cultura grega e os povos itálicos vizinhos (latinos, sabinos, volscos e outros).

 

        Esculpiam em pedras, peças de bronze, âmbar, marfim e madeira. Faziam estátuas em terracota (terra cozida), geralmente em tamanho natural e policrômicas.

       A engenharia etrusca  lembra a mesopotâmica. Eles introduziram na Itália o uso do arco, da abóboda e da cúpula. As casas eram providas de átrio.

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        Os trabalhos e cerâmica e em joalherias eram ricos em detalhes.

 

        Amantes da suntuosidade, seus templos eram enormes. As festas, principalmente as religiosas ou para receber exércitos vitoriosos, eram cheias de pompa. O monarca usava a túnica vermelha, coroa e cetro em ouro, os generais vinham com medalhões também de ouro pendendo no peito. Os aristocratas acorriam em liteiras.

 

 

 

 

A religião

        Não se sabe muito dos deuses originais dos etruscos. Os indícios são de que a princípio a religião não era particularmente importante na cultura deles. Suas divindades vinham de uma concepção ainda não muito clara e delas não há indicação de denominação, sexo, número ou características.

        Por razões ainda não conhecidas, na época romana os etruscos eram o povo mais apegado à religião existente na face da terra. Escritores antigos citam uma ninfa de nome Begoia ou Vegoia. Isso nos remete novamente aos ligures e seu monte sagrado Bego, na Provença (França).

        Na fase proto-histórica eles já estavam em contato há muito tempo com as civilizações marítimas do Mediterrâneo. Por isso, os deuses etruscos conhecidos eram bastante semelhantes aos dos greco-romanos:

etruscos gregos latinos
Tinia Zeus Jove
Uni Hera Juno
Menerva Athenas Minerva
Sethlans Hephaistos Vulcano
Turms Hermes Mercurio
Turan Aphrodite Venus
Maris Ares Marte

        Essa helenização religiosa foi parte de um processo de aculturação etrusca aos valores helênicos, que também se refletiu nas artes.

        Ofereciam preces e sacrifícios, inclusive humanos, aos deuses em cerimônias marcadas pela dança, pelos jogos e esportes e combates de gladiadores. Buscavam conhecer a vontade dos deuses pelo exame das vísceras de animais, dos relâmpagos e dos vôos dos pássaros.

        Tinham a crença numa vida pós-morte e, por isso, reservavam um respeito solene aos mortos.

arte_etrusc4.jpg (27208 bytes) Sarcófago etrusco

        Os cemitérios eram cavernas subterrâneas cavadas na rocha (hipogeus), com salas e corredores. Suas paredes eram ricamente pintadas.

sepult_etruscaCaere.jpg (54007 bytes) Cemitério de Caere
Interior da tumba   Leonesse sepult_etruscaLeonesse.jpg (60643 bytes)

        A qualidade e beleza dos sepulcros da elite local é impressionante ainda hoje.

 

O declínio

        Os romanos progrediam com o comércio exterior e já não aceitavam o domínio etrusco. Com a ascenção de Roma, os etruscos perderam contato com a Campânia. Os etruscos se aliaram a Cartago para controlar as colônias gregas do sul da Itália, mas depois que os gregos de Siracusa os derrotaram numa batalha em Cuma no ano de 474 a.C., os etruscos perderam o controle sobre o mar Tirreno e entraram em declínio acelerado.

        Cerca de meio século depois, tribos guerreiras de origem celta invadiram a península pelo norte.

        O território minguava até limitar-se a algumas cidades-estados, que recuavam até o território original na Itália central. Em pouco tempo foram absorvidos pela Roma expansionista e latinizados.

 

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Administrador: Marco Polo Teixeira Dutra Phenee Silva