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As línguas antigas da Itália

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As línguas itálicas

        As línguas itálicas eram faladas pela maioria dos povos da proto-Itália e pertenciam ao grande grupo de línguas indo-européias.ital_linguas.gif (11866 bytes)

        Elas são divididas em dois grandes grupos:

indo-européias latino-faliscas
osco-umbras
venéticas
celtas
outros grupos linguísticos

        No grupo das línguas latinas estão o latim, falisco e  presnestino.

        Dentre as osco-sabélicas ficam o osco, piceno, umbro, sabino, volsco  e messápico. O piceno se subdivide em piceno do norte e do sul. Não há certeza se a versão nortista da língua é do ramo indo-europeu.

        O lepôncio faz parte do conjunto de línguas celtas.

        O último grupo é formado pelo reto (aparentemente da mesma família que o etrusco), grego (indo-europeu), sícilo, sicano, elimo, sardo, etrusco, lígure.

        Os dois primeiros grupos fazem parte de um grupo mais amplo denominado de línguas itálicas. Há indícios de que o osco e o grupo latino-falisco tenham sido trazidos à Itália por grupos de fala proto-indoeuropéias muito antes da chegada dos povos de fala umbras, pois os primeiros conservam fonemas como o proto-indoeuropeu /kw/ que no grupo umbro foi substituído pelo fonema /p/. Fenômeno semelhante ocorreu com os povos de fala celta, entre o grupo goidélico, associado à Cultura Hallstadt, mais antiga, que preservou o som /kw/ proto-indoeuropeu, e o grupo britônico, associado à Cultura La Tène, mais recente, que o substituiu também pelo /p/.

        No campo fonético, a acentuação das línguas itálicas era livre e elas apresentavam as:

        As vogais E e I eram mais frequentes que a vogal A. Praticamente não conheciam as consoantes fricativas, exceto a sibilante S.

        As vogais E e O tinham sons bastante fechados, evoluindo no latim para Ê e Ô e no osco e umbro para I e U. Como exemplos temos os pares:

Itálico
(reconstruído)

Latim Osco Umbro Falisco
  possit putiad    
  popolum
porca
donum
october
totus
fontes
Florai
  puplum
purka
dunum
octuber
tutus
funtes
Fluusai
 
  conceptum     cuncaptum
*stlocos locus lucus    

         Os ditongos mais comuns eram:

  • *EI
evoluiu no latim para I e nas línguas dos prenestinos, faliscos e umbro-sabélicos para E
  • *OU
resolvido no latim em U e nas línguas dos prenestinos, faliscos e umbro-sabélicos em O fechado. Ex: *loudherta gerou liberta em latim e loferta em falisco. *louskna derivou em latim luna e losna em prenestino.
  • *OI
evoluiu no latim para U e no prenestino para O fechado. Ex.: *oinom deu unum em latim e onum em prenestino. *coisavisont foi acabar no curaverunt latino e no coraveront prenestino
  • *AI
teve tratamento diferenciado nas várias línguas:
  • no latim : Æ (pronunciado AE na pronúncia reconstituída ou @e, isto é, a vogal neutra e um E aberto)
  • no osco: AI
  • no umbro Ê
  • no falisco e no prenestino É
  • no mársico: ESOS
  • no marrucino: AISOS
  • *AU
manteve-se no latim, mas se transformou em Ô no prenestino, falisco, osco e umbro

        As consoantes nasais finais eram em M consonantal e não em N, como no resto das línguas indo-européias, talvez influência do substrato linguístico neolítico. Esse M, contudo, era de pronúncia débil e desapareceu por apócope em várias línguas, como no umbro, onde era frequentemente omitido.

        Nessa língua arcaica, havia profusão de consoantes aspiradas: BH  DH  GH  GwH  PH   TH  KH  GwH

        Os encontros consonantais em MB e ND se resolveram no osco e no umbro em NN, como nos comparativos a seguir:

Latim Osco Umbro
operandum upsannam  
impendes   ampennes

        Essas formas apareceram no chamado Latim Vulgar em palavras como grunnire (ao invés de grundire), innulgentia (em lugar de indulgentia), secunnus (secundus), verecunnia (verecundia).

        Quando precedida de outra consoante, o C e o D se sonorizavam: em umbro, iuvenga para o latino iuvenca e tursiandu para o latino terreantur.

        No campo morfológico, as palavras eram formadas por

raiz + sufixo + desinência

        A raiz geralmente descendia do indoeuropeu (ou também denominado proto-indoeuropeu). O sufixo modificava (ampliando ou reduzindo) o sentido da raiz, como em português mulher + ada = mulherada (juntamento de mulheres).

        A desinência servia para marcar a situação da palavra na frase, isto é, se a palavra deveria ser vista como o agente (sujeito) ou recepiente da ação (objeto indireto) ou se a ação dizia respeito a ela (objeto direto). Ou se, ainda, a tal palavra estava indicando o local em que a ação ocorria ou instrumento pelo qual era realizada (adjuntos adverbiais).

        O indo-europeu apresentava um sistema declinacional com oito casos:

Nominativo definidor do sujeito da oração
Genitivo definidor partitivo (relação de posse, como por exemplo A casa de Paulo)
Dativo identifica quem recebe ou está interessado na ação (em particular, o objeto indireto da oração)
Acusativo a quem a ação se dirige (em particular, o objeto direto da oração)
Ablativo caracterizador de modo, locação e outros adjuntos adverbiais
Vocativo usado para o chamamento (Ó, Fulano)
Locativo indica o lugar em que a ação se passa
Instrumental mostra o instrumento com qual a ação ocorreu

        Não é muito claro se essas línguas eram nominativas (isto é, o agente da ação apresentado no caso nominativo) ou se ergativas (o agente apresentado no caso dativo). No latim sobrevivem algumas formas ergativas como, por exemplo, nas frases:

omnia mihi sunt (tenho tudo ou, literalmente, "todas [as coisas] são para mim")
Petrus nomen mihi est (me chamo Pedro ou, literalmente, "Pedro é o nome para mim").

        Essa mesma construção também é comum em outras línguas indo-européias: Séan is ainm dom (Séan [ou João] é um nome para mim) diriam os irlandeses, falantes de uma língua celta.

        Os dois temas principais das línguas itálicas eram em A e em OS. O tema em O (fechado) evoluiu no latim, para tema em US e em outras línguas itálicas para tema em U. Muito comum era o genitivo plural em ES.

        O dativo, o ablativo, o locativo e o instrumental plural tinham tema em BH (em latim ABUS, IBUS e EBUS, conforme a declinação). Com o passar do tempo, os casos locativo e instrumental foram sendo confundidos e incluídos no ablativo.

        Em relação ao gênero, as línguas itálicas evoluíram dos dois gêneros (animado e inanimado) do indo-europeu para os gêneros masculino, feminino (advindos do gênero animado) e neutro (sucessor do gênero inanimado).

        Quanto ao número, parecem ter preservado os três números: singular, plural e dual.

        Em relação à conjugação dos verbos, a noção de tempo passou a substituir a noção de aspecto.

        As vozes são a ativa, passiva e média. Só nas línguas itálicas há temas distintos para os modos indicativo (infectum), que indica ação real, e para o modo subjuntivo (perfectum), que indica ação ideal ou desejada. O modo subjuntivo apresentava tema em A ou em Š (som de X).

        A voz passiva era formada pelo tema em R ou pela perífrase constituída em um adjetivo juntado ao verbo auxiliar (em latim, e.g., amatus sum = sou amado).

        Nas línguas itálicas é corrente o discurso indireto e outros estilos semelhantes de escrita.

 

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