Pequena história do Caminho de Ferro no Pinhal Novo

Muito embora só em 1803, uma locomotiva a vapor construída pelo Eng. Richard Trevitnick, tivesse arrastado atrás de si vagonetas cheias de carvão de uma mina algures em Inglaterra, já muito antes a existência de comboios era uma realidade. Só que a tracção era animal (feita por cavalos) e os pequenos vagons rolavam por carris de madeira.

Mais tarde, em 1814, outra locomotiva a vapor fazia a sua aparição. O seu construtor foi o Eng. Georges Stephenson, o mesmo que em 1825 colocava ao serviço de passageiros o primeiro comboio para o efeito construído.

Para nós, portugueses, os mais ocidentais da Europa e também os mais atrasados em tudo o que se relaciona com o progresso, tiveram de passar mais de trinta e um anos para que tivéssemos o nosso primeiro comboio. De facto, só em Outubro de 1856, o rei D.Pedro V inaugurava com grande pompa, os primeiros quilómetros de caminho de ferro em Portugal, de Lisboa ao Carregado. Na margem Sul do Tejo, onde está inserido o Pinhal Novo, mais dois anos se iriam passar até à inauguração da primeira via férrea, entre Barreiro e Bombel, o que aconteceu em 15 de Junho de 1858.

O troço entre Pinhal Novo e Setúbal e a continuação de Bombel a Vendas Novas, só teriam lugar em Fevereiro de 1861. O ramal de Pinhal Novo ao Montijo, (então Aldegalega do Ribatejo), só viria a concretizar-se, (e curiosamente, contra a vontade dos homens ricos da região), em Outubro de 1908. O seguimento de Setúbal a Alcácer do Sal ficaria concluído em Maio de 1920. A via dupla entre Pinhal Novo e Lavradio, só em Agosto de 1932 entraria em actividade.

Sendo assim, Portugal já possui comboios há 142 anos e, apesar dos atrasos destes serem já considerados como normais, chegámos finalmente a um dos pontos que mais nos interessa: a Estação dos Caminhos de Ferro de Pinhal Novo.

Como é sabido, a evolução de qualquer localidade está grandemente condicionada pelas vias de comunicação. No caso do Pinhal Novo isso salta à vista. Pode mesmo dizer-se que sem o caminho de ferro, a nossa terra, praticamente não existiria. E isso apesar de já passarem por aqui alguns caminhos importantes como era o caso da estrada dos espanhóis.

Dizem os mais antigos que toda a área ocupada presentemente pela estação e serventias, era apenas vinha, eucaliptos e pinhal, até ao Rio Frio. O local escolhido para a construção da estação foi sensivelmente em frente do actual edifício. Não será do conhecimento de muitos de que outra estação existiu antes desta, só que as instalações não tinham tanta beleza como as actuais. Tinha um só piso e uma frente de cerca de 20 metros. Situava-se onde está agora a gare que serve as linhas 3 e 4 e mais ou menos no enfiamento da cabina de comando. Posteriormente e com a necessidade de ampliação e modernização de todas as instalações e serviços, esta construção foi demolida, (1931), e em sua substituição foi montado um pavilhão em madeira, enquanto eram iniciadas as novas e actuais instalações, que só viriam a ser concluídas em 1935.

Manuel Rosendo in Linha do Sul, nº 35, Junho 1984

Topónimo recente, como se sabe, Pinhal Novo parece ter ficado a dever essa designação à necessidade de denominar a estação do caminho de ferro que, em 1861, daqui passou a estender-se até Setúbal. E, como não há coisa sem nome, as primeiras referências ao nome duma coisa, sobretudo com a relevância da que acaba de ser invocada, têm sempre o significado das origens, a partir do qual tudo parece inteligível.

in As transformações do povoamento e das culturas na área de Pinhal Novo

Pinhal Novo vê passar o comboio...
a vapor

A estação de Pinhal Novo esteve em festa no mês de Junho. Num "verdadeiro" regresso ao passado, com direito a locomotiva a vapor, muito fumo e apitos de entusiasmo. Aquele dia 15 ficará na memória do grande número de ferroviários e curiosos que assistiram à recriação histórica duma viagem de comboio à moda antiga. A iniciativa partiu do CEC - Clube dos Entusiastas dos Caminhos de Ferro, com a colaboração da CP, a coincidir com as festas da cidade

in http://www.cp.pt/boletim_CP/boletim1/breves.html

Última actualização: Quinta-feira, 18 de Fevereiro de 1999