O Alvorecer do Homem - Os Humanóides
Gênero Homo
Já separados do Australopitecus Africanus, se desenvolviam três espécies humanóides: os Homo Habilis, os Homo Rudolfensis e os Homo Erectus. Os restos mais antigos datam de cerca de 2,3 milhões de anos.
O Homo Habilis, por algum tempo contemporâneo do Australopithecus Africanus, já era omnívoro.
Nessa era
estão os artefatos mais antigos que reconhecidamente foram feitos por humanos
(ferramentas muito simples, conhecidas como indústria Omo). Eram objetos muito rústicos,
geralmente cortadores de pedra destinados a cortar vegetais e plantas. Muitas vezes é
difícil distinguir os artefatos humanos daqueles produzidos por fenômenos naturais, tão
toscos eram. Os mais antigos desses instrumentos foram encontrados na Garganta de Olduvai
(Tanzânia) e datados de um milhão de anos atrás. Ainda há dúvidas se essa espécie
foi realmente produtora de ferramentas de pedra.
Pela análise dos ossos de animais associados
aos humanos, eles viviam num ambiente bem mais seco e amplo que as florestas onde
habitavam as espécies anteriores. Provavelmente não eram ainda caçadores, mas
utilizavam as carniças deixadas por outros animais.
Um círculo de pedras datado de 1,8 milhões de anos, encontrado no vale do Omo, no Quênia, pode ter sido uma das primeiras formas de arquitetura do Homo Habilis.
O Homo Rudolfensis tinha afinidade com as outras formas humanóides.
Os primeiros ancestrais do Homo Erectus e Homo Ergaster surgiram nas zonas tropicais e sub-tropicais da África durante o resfriamento do clima ocorrido no Médio Pleitoceno (2,5 a 2 milhões de anos atrás). Estabeleciam-se em um território, onde explorava uma área extensa.
Uma hipótese estipula que essas espécies
do gênero Homo talvez sejam apenas variedades regionais da mesma espécie. O Homo Erectus teria se expandido para a Eurásia, quer
através do Oriente Médio, quer pelo Estreito de Gibraltar há cerca de 1,8 milhões de
anos, desenvolvendo variedades regionais da espécie, uma delas o Ergaster.
Uma segunda hipótese, conhecida como "hipótese da Eva Mitocondrial", estabelece que um determinado grupo de Homo Erectus teria evoluído e daí passado à Eurásia, substituindo as populações anteriores.
A cultura associada ao Homo Erectus é a de Omo (ferramentas líticas bifaciais complexas, feitas a partir de núcleos de pedra cuidadosamente escolhidos, e com acabamento em complicados padrões de lascamento) e a fase inicial da Cultura Oldowan, muito menos complexa que a Cultura Acheulense. Vivia da coleta de restos de animais. Com o tempo, a indústria evolucionou para aquela conhecida como Cultura Acheulense.
O Homo Ergaster, parente próximo do Homo Erectus, era anatomicamente assemelhado a ele, embora
pareça mais inteligente, pela análise do crânio de um e outro. Era tão alto quanto o
homem moderno. Seus restos podem ser encontrados na África, mas principalmente na Ásia
(como a caverna de Chokoutien, no centro da China e em Java). Daí se moveram para as
zonas temperadas do oeste da Ásia no fim da Idade do Gelo (cerca de 1,4 milhões de anos
atrás).
Suspeita-se que o Homo Ergaster tivesse sido um ativo caçador. O mais famoso exemplar da espécie Homo Ergaster é o Garoto de Turkana, que teria morrido afogado há 1,6 milhões de anos.
Um outro gênero surgiu há cerca de um
milhão de anos atrás no norte da África e se expandiu para a Europa: o Homo Antecessor.
Sua cultura era uma variedade da Cultura Omo. Crê-se que esse gênero espalhou na Europa
as sementes do Homo Heidelbergensis, enquanto os
exemplares que permaneceram na África evoluíram para o gênero Sapiens.
Em Sima de los Huesos (Atapuerca, Burgos, Espanha) foram achados pelo menos seis indivíduos desse gênero Homo Antecessor, ali depositados por volta de 800 mil anos atrás em um sepultamento aparentemente ritual, talvez mostrando um princípio de capacidade de abstração e o surgimento da religiosidade. Em Isernia della Pineta (Itália) há artefatos líticos atribuídos a esse gênero, com a mesma datação dos restos humanos de Sima de los Huesos. Em Orce, centro-sul da Espanha, também foram encontrados instrumentos da indústria do Antecessor, datada de um milhão de anos.
Mais novo é o Homo Heidelbergensis, que surgiu na Europa por volta de 600 mil anos atrás. Ele era tão grande ou maior que o homem moderno. Usava artefatos da indústria Acheulense. Em grupos, caçava grandes gamos. Marcas de descarnadura em ossos podem indicar canibalismo.
Ele foi provável ancestral do Homo Neanderthalensis, mas não do Homo Sapiens. Além do sítio em Heidelberg (Alemanha), há restos desse gênero em Petralona (Grécia), datado de 250 a 500 mil anos.
O Homo Neanderthalensis viveu aproximadamente entre 230 e 29 mil anos atrás na Idade do Gelo na Europa e Oriente Médio, assim como nos climas temperados da Ásia e norte da África.
Como os Heidelbergensis,
se valiam dos dentes da frente para segurar objetos enquanto trabalhavam com as mãos.
Valiam-se de lanças de madeira, não para arremessar, mas para fincar nas caças.
Os neandertalenses viviam em sociedades de pequenos bandos de 20 a 40 pessoas. As caçadas eram cooperativas e nelas frequentemente havia baixas.
Provavelmente já haviam desenvolvido uma linguagem, que permitisse a ação coletiva nas caçadas e coletas de alimentos. Marcas de golpes de ferramentas líticas nos ossos dos mortos mostram brigas entre grupos, canibalismo ou cerimônia fúnebre.
A única peça artística neandertal encontrada é uma figura entalhada num osso dental de filhote de mamute, achado na Hungria.
Eles empregavam a tecnologia musteriense,
caracterizada por um estilo de lascas extraídas ...
Uma flauta de idade entre 43 e 67 mil anos de idade, contendo as sete notas da escala diatônia, foi encontrada entre restos neandertalenses.
Os neandertais foram extintos numa onda que
veio do leste e os últimos grupos reconhecidos dessa espécie viviam em Zafarraya, no sul
da Espanha, há 27 mil anos.
O arqueólogo português João Zilhão teria encontrado sinais de cruzamento de neandertais com homens modernos, mas a tese ainda não é aceita pacificamente.
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