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A paisagem é a moldura natural no mundo sensível. Por isso, a vida só se compreende, com o devido relevo, quando enquadrada na paisagem.

A delicadeza da arte está em saber surpreendê-la e aproveitá-la com tempo, peso e medida.

Fr. Paulhan, no seu livro "L’Esthétique du Paysage" já fez esta observação a propósito da pintura: "Un paysage peint est une conception du monde".

Podia ser ainda mais explicito: - "é um conceito do homem e da vida". O mundo objectivo, que a sensibilidade do artista atinge, seja ele pintor ou músico, arquitecto ou poeta, quando arranca à natureza pedaços palpitantes de vida, é a melhor salva, em que estes podem ser servidos à gula cúpida dos apaixonados da verdade, revestida de beleza.

A interpretação artística da vida na paisagem é, consequentemente, tanto mais feliz quanto esta, dentro da sua função relevante, melhor se ajusta, nas suas linhas, nos seus volumes e nas suas cores, nos seus planos imediatos e nos seus perfis longinquos, à tonalidade trágica, dramática ou cómica das almas que, agitadas ou tranquilas, sonhando ou acordadas, se movem, no espaço e no tempo.

Na sua condição especial e temporal, o homem, para lobrigar o mistério da vida, tem de colocá-las em perspectiva. A perspectiva do tempo é a história. A perpectiva do espaço é a paisagem...

Pedro Gomes

 

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