Olhão Cidade Cubista



No fim do século XVIII Olhão era ainda um aglomerado de palhotas, paredes de palha.
Foi durante o cerco de Gibraltar, de 1779 a1783, e mais tarde o de Cadiz, que os marítimos de Olhão tiveram oportunidade de progredir, comercializando com grandes lucros os produtos da terra - peixe e derivados - quer com sitiantes quer com sitiados.
Os lucros não se fizeram esperar e assim nasceu uma nova urbe com as novas construções em alvenaria.
Estava-se no ano de 1790.
Com as invasões francesas e devido à resistência da população de Olhão, que impulsionou todo o Algarve, surgiu a famosa aventura dos olhanenses que num caíque, sem cartas de marear e sem aparelhos, foram ao Brasil dar a notícia ao rei D. João VI. Como recompensa, entre outras, Olhão recebeu o título de Vila.

Sobre o estilo de construção das suas casas cubistas, sabe-se que houve influência do Norte de África e até mesmo de paises helénicos. Alguns comerciantes de Olhão iam vender peixe seco e salgado, além de artefactos aqui produzidos, transportando-os de barco através do Mediterrâneo Oriental. Outros produtos tais como frutos secos (amêndoa, alfarroba, nozes, figos, etc), eram exportados para portos do sul de Espanha. Olhão desenvolveu-se de tal maneira, a partir de 1840, que vários consulados foram criados - O Vice-Cônsul de Espanha e o da Grécia.
Por todos estes motivos, supõe-se que a construção de casas em Olhão tenha sofrido a influência quer do Norte de África quer do Mediterrâneo Oriental.
A celebridade de Olhão, está nas casas cúbicas, de formas geométricas simples, colocadas lado a lado, rectangulares e de frente estreita, de planos perpendiculares, formando açoteias e mirantes. As divisórias interiores são cobertas por abóbodas, construídas com diversas camadas de ladrilhos. O acesso às açoteias e mirantes é facil, não só para a prática de manipulação de secagem e salga de peixe, como também para avistar melhor o regresso do mar dos familiares.

Para poder descobrir todo este encanto oculto de Olhão é necessário subir à torre da Igreja Matriz ou outro ponto alto.