Olhão Capital da Ria Formosa



O património cultural é muito rico, exprimindo-se não so nos aspectos edificados - com fortalezas, ermidas, igrejas, noras e moinhos de maré - mas também nas embarcações tradicionais utilizadas nafaina da pesca artesanal - a chata, a canoa, a bateira e o dori - e na quantidade de hàbitos tradicionais e manifestações culturais que ainda hoje se concretizam, como os arraiais e as festas ás padroeiras. Simbolos deste patrimònio são os Moinhos de Maré, construções caracterìsticas destes meios costeiros, de que o da Quinta de Marim, concluìdo em 1985 e laborando atè 1970, è um belo exemplo. Os Moinhos de maré são engenhos que tiram partido da diferença do nìvel das àguas entre a maré alta e a maré baixa.
O seu principio de funcionamento è semelhante ao das azenhas; sò que a fonte de energia a que recorrem para accionar as mòs e triturar os cereais são as marès.
O primeiro moinho de marè de que se tem conhecimento surgiu no sul de França no sèculo XII.
Em Portugal o primeiro registo da exestência de um engenho deste tipo data de 1290, em Castro Marim.
A partir do sèculo XIV, tornam-se comuns no litoral português, localizandosse subertudo em rias e estuàrios de rios. Na Ria Formosa, chegaram a exertir cerca de três dezenas de moinhos de marè.
Para melhor se compreender como funciona este engenho, consideramos uma situação de marè cheia em que os nìveis da àgua na Ria e na caldeira (reservatòrio de àgua do moinho), são edênticos.
Logo que a marè começa a vazar a pressão da àgua encerra as comportas bascolantes existentes ao lado do edificio do moinho, impedindo a saìda de àgua.
À medida que a marà vai baixando, criasse um desnivèl entre a ria e a caldeira do moinho. A abertura das comportas existentes no edifìcio do moinho (Atôches) faz a àgua correr da caldeira para a ria, fazendo girar as mòs, atravès dos rodetes.
A descida do nìvel da àgua na caldeira e o ìnicio da subida da marè na ria anulam pouco a pouco o desnìvel inicial. O movimento de àgua da caldeira para a ria redusce e deixa de ter força para accionar as mòs.
Ao mesmo tempo, a pressão da enchente abre as comportas bascolantes e o nìvel de àgua da caldeira volta a subir. Quando se atinge a preia-mar, a caldeira do moinho e a ria estão novamente ao mesmo nìvel.

O moinho novo de Marin estava equipado com seis mòs, destinando-se uma delas á moagem de cevada e rações para animais.

O edìficio do moinho incluia uma zona de habitação, do moleiro e da respectiva famìlia e uma cavalariça.

Concluìda a sua construção em 1885, funcionou atè 1970 tendo sido o ùltimo moinho de marè da Ria Formosa a cessar a laboração.

Foi a concorrência das moagens mecânicas que levou a que os moinhos de marè tivessem sidos abandonados, tal como aconteceu com as azenhas e os moinhos de vento.

Ao adquirir a Quinta de Marim no ìnicio da dècada de 80, o Serviço Nacional de Parques, Reservas e Conservação da Natureza empreendeu a recoperação do moinho de marà de Marim, por entender tratar-se de um importante aspecto do patrimònio cultural da Ria Formosa.

No restauro deste engenho, o Parque Natural da Ria Formosa contou com a preciosa colaboração do Srº Costòdio Marçal, que nasceu neste moinho e nele trabalhou atè ao seu encerramento.

As obras empreendidas pelo PNRF tentaram preservar, tanto quanto possìvel, o aspecto original do moinho, com algumas alterações na zona de habitação, de modo a torna-la mais funcional, e na cavalariça, que foi transformada na sala onde està patente esta exposição.

Refira-se finalmente, que, juntamente com o Moinho de Corroios (Seixal), no estuàrio do Tejo, este è o ùnico lucal onde se pode observar o funcionamento deste sistema tradicional de moagem.